Equilíbrio entre Murray e Djokovic promete ferver o quente Aberto da Austrália

DANIEL E. DE CASTRO

O Aberto da Austrália, primeiro dos quatro torneios Grand Slam da temporada, começa quente. Fervendo. Não apenas pelas altas temperaturas que costumam dar as caras em Melbourne nesta época —estão previstos 36ºC na terça (17)—, mas porque a diferença entre o líder do ranking, Andy Murray, e o segundo colocado, Novak Djokovic, é de apenas 870 pontos.

Essa distância é uma das menores registradas antes do major desde 2009, quando entrou em vigor o atual sistema de pontuação. Em 2014, a vantagem do líder da época, Rafael Nadal, sobre o vice, também Djokovic, era a mesma.

O equilíbrio entre os dois primeiros colocados resume a temporada passada: o sérvio dominou o primeiro semestre, mas perdeu fôlego após o título inédito de Roland Garros e viu o britânico chegar ao topo pela primeira vez na carreira.

Se ainda estivéssemos em 2016 seria fácil cravar o favoritismo de Murray, que venceu o rival sem sofrimento no Finals, em novembro. Acontece que o ano não começa na Austrália, e já deu tempo de Djokovic devolver a derrota. Ele voltou a jogar bem no ATP 250 de Doha e saiu vencedor da decisão que quase todos esperam que se repita daqui a duas semanas.

A vida de caça e caçador dos tenistas de 29 anos —com apenas uma semana de diferença de idade— e ex-adversários juvenis está mais intensa do que nunca, mas ainda há coadjuvantes de peso no elenco da temporada.

Roger Federer, que saiu de cena por lesão após Wimbledon, e Rafael Nadal, que também conviveu com problemas físicos durante o ano passado, ocupam os incomuns 17º e 9º lugares, respectivamente. O que ambos farão em 2017 ainda é uma incógnita, mas a recomendação é nunca duvidar de nenhum deles.

O sorteio das chaves, nesta sexta (13), indicou um começo tranquilo para Federer, apenas contra jogadores vindos do qualifying nos primeiros jogos. A partir da terceira rodada, porém, ele pode encarar Tomas Berdych, Kei Nishikori e Murray, conforme avançar.

A estreia mais difícil entre os favoritos ficou para Djokovic, que terá pelo frente o espanhol Fernando Verdasco, contra quem precisou salvar cinco match points antes de triunfar na semifinal de Doha.

Novak Djokovic e Andy Murray posam com os troféus em Doha (Karim Jaafar/AFP)
Novak Djokovic e Andy Murray posam com os troféus em Doha (Karim Jaafar/AFP)

SEGUNDO PELOTÃO

Há uma expectativa grande sobre aonde o “segundo pelotão”, formado atualmente por Milos Raonic, Stan Wawrinka e Nishikori pode chegar. E também sobre como os jovens Dominic Thiem, 23, Alexander Zverev, 19, e Lucas Pouillie, 22, iniciarão a temporada após a ascensão obtida em 2016.

Vale ficar de olho ainda no sempre polêmico “bad boy” Nick Kyrgios, 21, e na eterna promessa búlgara Grigor Dimitrov, 25, que iniciou o ano com título em Brisbane após bater, em sequência, Thiem, Raonic e Nishikori. É o melhor cartel de vitórias dos primeiros torneios.

Os três tenistas brasileiros do top 100, Thomaz Bellucci (62º), Thiago Monteiro (83º) e Rogerinho (96º), estreiam contra Bernard Tomic, Jo-Wilfried Tsonga e Jared Donaldson, respectivamente. Cenário complicado principalmente para os dois primeiros. Impossível não lembrar da vitória de Monteiro sobre o francês no Aberto do Rio, mas se acontecer de novo será uma zebra ainda maior.

CENÁRIO ABERTO ENTRE AS MULHERES

Tão difícil quanto saber como será o ano de Federer é prever qualquer coisa sobre Serena Williams. Ela, que não jogava oficialmente desde o Aberto dos EUA, em setembro, perdeu precocemente na semana passada, em Auckland. Do nível de jogo da americana depende o equilíbrio de forças entre as mulheres.

Vencedora em Melbourne no ano passado, Angelique Kerber sofreu duas derrotas nas primeiras semanas. Alemã e americana são as favoritas para reeditar a final, mas parecem bem mais vulneráveis às adversárias do que os líderes entre os homens.

Agnieszka Radwanska, Simona Halep, Karolina Pliskova, Dominika Cibulkova, Garbiñe Muguruza, Svetlana Kuznetsova e Johanna Konta, que vem de título importante em Sydney, estão no páreo.