Campeões do Aberto do Brasil, Sá e Rogerinho formaram parceria inédita por mensagem

DANIEL E. DE CASTRO

Uma final improvável nas duplas, com três tenistas brasileiros em quadra, tornou-se o ápice do Aberto do Brasil 2017, disputado no clube Pinheiros, em São Paulo.

Neste domingo (5), o mineiro André Sá e o paulista Rogério Dutra Silva, o Rogerinho, venceram a parceria do gaúcho Marcelo Demoliner, que joga com o neozelandês Marcus Daniell, no match tie-break (7/6, 5/7 e 10-7).

Nos últimos anos, os fãs brasileiros se acostumaram a acompanhar as conquistas de Marcelo Melo, ex-número 1 do mundo, e de Bruno Soares, que ao lado do britânico Jamie Murray formou a melhor dupla do ano passado.

Ambos, porém, optaram por disputar o torneio de Acapulco, jogado na mesma semana e que vale o dobro de pontos no ranking. Assim, os espectadores tiveram a oportunidade de conhecer e prestigiar outros nomes do tênis nacional.

A maior parte do público, que cresceu ao longo da decisão, preferiu apoiar a parceria 100% brasileira e vibrou bastante com o resultado, assim como os campeões, que pela primeira vez na carreira jogaram juntos.

“A parceria surgiu de uma mensagem: ‘vamos jogar semana que vem?’. ‘Vamos’ (risos), contou Sá. “Mas a gente já tinha planejado há algum tempo. Eu vi o Rogério treinando no começo do ano, falei com técnico dele que ele estava jogando muito bem e disse que, se sobrasse um espaço, seria um cara que eu convidaria para jogar”.

O veterano de 39 anos, dono de 11 títulos da ATP, é parceiro oficial do indiano Leander Paes, que não viajou para os eventos sul-americanos. Rogerinho, por sua vez, é especialista em simples. Atual número 84 do ranking, ele diz que vive a melhor fase na carreira. Agora, ela culminou com seu primeiro título.

“Não esperava [ser campeão]. A sensação é muito boa, em casa ainda, acho que todo jogador brasileiro pensa em jogar bem esse torneio. Ao lado do André, que é uma lenda do tênis pelo que fez e continua fazendo, é muito bacana”, afirmou o tenista de 33 anos.

Apesar do resultado obtido nas duplas, ele disse que ainda não está na hora de trocar a prioridade: “Espero ter uns dois ou três anos mais focado em simples e depois ver o que acontece, mas olhando com bons olhos para as duplas”.

Se depender de Sá, não faltarão oportunidades para que eles reeditem a parceria campeã. “O resultado ajuda bastante, mas já tinha isso na minha cabeça, e a resposta é sim. Sempre que tiver uma brecha no calendário, ele vai estar no topo da lista”, afirmou.

Fazia seis anos que uma dupla formada por dois brasileiros não vencia o Aberto do Brasil. Os últimos foram Melo e Soares, que ganharam em 2011. Nos dois anos seguintes, Soares levantou o troféu com parceiros estrangeiros. Desde então, o país vivia incômodo jejum.