O que deu certo e o que deu errado nos torneios da ATP no Brasil

DANIEL E. DE CASTRO

Nas duas últimas semanas foram disputados os dois torneios brasileiros da ATP, o Aberto do Rio (nível 500) e o Aberto do Brasil (250), este em São Paulo. Ter dois eventos desse porte no país é um privilégio para quem gosta de tênis. No mundo, outras 15 nações possuem a mesma quantidade ou mais —os EUA, por exemplo, têm 11.

Entre erros e acertos, golpes de sorte ou de azar, as competições transcorreram bem. O blog acompanhou o fim de semana dos dois eventos e lista abaixo o que deu certo e o que deu errado. Como a percepção é sempre individual, convido a todos que estiveram nos torneios para ampliar a discussão.

DEU CERTO

Clima de clube

Tanto no Jockey, no Rio, quanto no Pinheiros, em São Paulo, o ambiente estava agradável. Muitas famílias e fãs de tênis de todas as idades andavam pelos complexos, aguardavam pelo momento de tietar os atletas e se divertiam nas atrações montadas pelos patrocinadores. Torneio não é só dentro de quadra, e os eventos brasileiros já aprenderam isso.

Os campeões

Após o desempenho decepcionante de Kei Nishikori, o Rio viu Dominic Thiem, seu cabeça de chave dois, jogar muito bem e exibir tênis de alta qualidade para o público. Quem assistiu a seus jogos pôde ver um dos nomes que devem dominar o esporte nos próximos anos. Em São Paulo, um Pablo Cuevas cada vez mais de casa conquistou o inédito tricampeonato seguido, e André Sá e Rogerinho conseguiram um título importante para ambos nas duplas.

Pablo Cuevas comemora o título na quadra do Pinheiros (DGW/Comunicação)

DEU ERRADO

Espaços vazios nas arquibancadas

Não é legal ver lugares desocupados em semifinais e finais, mas eles sempre estão lá, mesmo com os ingressos esgotados. Como muitas cotas vão para patrocinadores, e eles distribuem como bem entendem, os torneios perdem o controle sobre a real ocupação das arquibancadas. Registre-se que na segunda semifinal e na final de simples, em São Paulo (antes da chuva) e no Rio, o público foi bom.

O torneio carioca estimou um total de 45 mil pessoas em cada uma das duas últimas edições. O paulista indicou aumento de 16.750 para 19.894 espectadores. As quadras centrais têm capacidade para 6.200 e 2.567 pessoas, respectivamente. Ambos tiveram parte de suas programações coincidindo com o Carnaval.

Desempenho dos brasileiros

Pelo segundo ano seguido, o país não colocou ninguém nas semifinais de simples. No Rio, o melhor resultado foi as quartas de final de Thiago Monteiro. Em São Paulo, as oitavas de João Souza, o Feijão. Houve bons momentos, como a vitória de Thomaz Bellucci sobre Nishikori na estreia no Rio e a final com três atletas brasileiros nas duplas em São Paulo. É pouco.

Final do Aberto do Rio entre Thiem e Carreño Busta (Fotojump)

DEU CERTO E DEU ERRADO

São Pedro

A chuva, que não caiu no Rio nem na maior parte do torneio em São Paulo, deixou para fazer estrago no último dia. Com isso, a final que começou na tarde de domingo (5) só acabou na noite de segunda (6). Não havia muito o que fazer, a não ser colocar a lona e torcer para que a água desse trégua. Cuevas comemorou o tri em uma quadra vazia, mas pelo menos o torneio terminou com um campeão.

E O FUTURO?

O Aberto do Rio, que traz pelo menos dois tenistas do top 10 ao país desde a sua primeira edição, há quatro anos, já deixou claro que tem a pretensão de virar um Masters 1.000. Para isso, o torneio tenta a mudança do saibro para a quadra dura e possivelmente de local, com o Parque Olímpico como o mais forte candidato. Há muito chão pela frente para realizar esse objetivo, conforme explicado nessa reportagem. Por enquanto, parece um passo maior do que as pernas.

Já o Aberto do Brasil, a cada ano parece um torneio mais modesto, mas que funciona bem no Pinheiros e traz jogadores de nível médio.

Há mais a comemorar do que a lamentar nos eventos, mas sempre é possível evoluir. Como as estruturas estão boas, o principal para o ano que vem deveria ser renovar os jogadores. É sabido que os custos de trazer estrelas são altos e que o calendário e o piso não ajudam, mas o público precisa de caras novas para continuar a se interessar pelos torneios. Será preciso criatividade.