1% dos tenistas ficam com 60% dos prêmios; veja números da disparidade no esporte

DANIEL E. DE CASTRO

Que o abismo financeiro entre os tenistas profissionais é enorme todos já sabem. O que a ITF (Federação Internacional de Tênis) fez nesta quinta (30), ao anunciar mudanças importantes na organização do esporte, foi expor dados reveladores sobre a realidade vivida pela maioria dos atletas.

Um estudo com mais de 50 mil entrevistados no mundo do tênis analisou a evolução do circuito de 2001 a 2013 e traz diversos números interessantes referentes ao último ano da pesquisa:

  • No circuito masculino, entre os que ganharam alguma premiação, 1% faturou 60% (US$ 97,4 milhões) do total das verbas distribuídas (US$ 162 milhões). Em média, cada atleta levou US$ 32,6 mil
  • Entre as mulheres, a elite que fazia parte do 1% faturou 51% (US$ 60,5 milhões) da premiação total (US$ 120 milhões)
  • 8.874 homens competiram no circuito, mas apenas 3.896 ganharam algum dinheiro com isso. Entre as mulheres, foram 4.862 e 2.212, respectivamente
  • Os custos médios anuais para jogar profissionalmente (que incluem gastos com transporte, acomodações, alimentação, lavanderia, vestuário, equipamento, mas não com treinador) foram de US$ 38,8 mil para os homens e de US$ 40,1 mil para as mulheres
  • Para escapar de sofrer prejuízo, o cálculo da entidade é que os tenistas precisavam estar no mínimo em 336º no ranking da ATP e em 253º na WTA. Reitero: isso apenas para não precisar pagar para jogar, não significa ter lucro

MUDANÇAS

Números apresentados, a ITF anunciou que, a partir da temporada 2019, quer ter 1.500 atletas profissionais (750 homens e 750 mulheres). Para isso, vai transformar o primeiro nível dos torneios future, que pagam US$ 15 mil, em competições de transição.

Em vez de premiar em dinheiro e contar pontos para a ATP e para a WTA, elas servirão de balizamento para os tenistas entrarem nos torneios profissionais da ITF. A ideia é que eles sejam distribuídos regionalmente para diminuir os custos de jogadores e organizadores.

David Haggerty, presidente da entidade, disse que não é viável ter mais de 14 mil profissionais no circuito. Ele afirmou também que o teto de 1.500 permitirá pagar mais para esses atletas. A promessa é que eles sejam “verdadeiramente profissionais”. A realidade é dura, mas a ITF faz bem em escancará-la.