Marcelo Melo conta como dupla foi da apreensão ao equilíbrio em um mês
Para quem viu o brasileiro Marcelo Melo, 33, e o polonês Lukasz Kubot, 34, jogarem em março é difícil imaginar que o mês poderia ter marcado o fim da dupla. Os dois, que formaram parceria fixa para essa temporada, acumularam decepções em janeiro e fevereiro.
Após derrota nas quartas de final do Aberto do Rio, o brasileiro disse que eles ainda procuravam a forma ideal de atuar e que a continuidade da dupla seria discutida após os Masters 1.000 nos EUA.
Um vice em Indian Wells e um título em Miami depois, o mineiro e o polonês já são a segunda melhor parceria do ano e continuarão juntos para a temporada de saibro.
Melo contou em entrevista o que mudou dentro de quadra e falou sobre voltar a jogar ao lado de Bruno Soares neste sábado (8), pela Copa Davis (com SporTV 3), após ter derrotado o amigo nos dois últimos torneios.
Você esperava obter esses bons resultados após um começo de ano difícil?
Marcelo Melo – A gente vinha tentando consertar os erros. Com uma dupla nova isso é bem normal. A cada jogo, a cada treino, fomos consertando, e conseguimos fazer isso muito bem. Conseguimos contornar vários altos e baixos que tivemos também durante o torneio em Miami, virar alguns jogos, e isso foi importante para ganhar confiança.
O que mudou em quadra?
A gente conseguiu encontrar um balanço melhor, um ponto de equilíbrio. Tinha que ter uma base e achar um jeito de jogar que fizesse a dupla ser eficiente.
Quando você fala em equilíbrio é porque o Kubot costuma atacar muito mais?
Realmente, o Lukasz é um jogador muito mais agressivo do que eu. Acho que, sendo um pouco menos agressivo, ele poderia me usar mais. Não tinha necessidade de agredir tanto sendo que poderia jogar de outra maneira comigo. Com outro parceiro ele poderia ter que ser mais agressivo, como eu também tenho que ser, por isso falei que era tão importante encontrar esse balanço.
Houve algum momento mais tenso entre vocês?
Nunca tivemos problema de tensão. A gente estava um pouco apreensivo pelos resultados, mas, ao mesmo tempo, treinando para resolver esses probleminhas. Já tínhamos jogado bem juntos. Ganhamos em dois anos seguidos o ATP de Viena. Então era mais acertar o dia a dia, não só numa semana, como fazíamos quando não tínhamos a parceria fixa.
Após o título, ele lhe deu um abraço e falou algumas coisas no seu ouvido. O que foi?
Ele agradeceu a parceria, estava realmente muito feliz com o primeiro título de Masters dele. Os outros momentos todos foram ele gritando na minha orelha [risos]. Gritou mais do que falou, mas o mais importante foi agradecer a confiança e a parceria.
A dupla corria riscos?
Depois de Miami, as duplas novas conversam para ver se vale a pena continuar ou não, independentemente dos resultados. Claro que os resultados são importantes. Mas, no meu caso, se a dupla está evoluindo, acho que vale continuar. Não consigo dizer se a gente teria continuado ou não sem esses resultados, mas realmente sentamos, conversamos e resolvemos continuar.
Quais são as expectativa para a temporada de saibro?
Obviamente, a gente está com muito mais confiança do que antes. No ano passado eu joguei bem no saibro, o Lukasz fez semifinal de Roland Garros, então acho que, se conseguirmos manter esse nível, temos boas chances.
Como vai ser jogar junto com o Bruno Soares após derrotá-lo duas vezes seguidas?
A gente é amigo desde pequeno, sabe que a rivalidade fica dentro de quadra. Aqui [no Equador, pela Copa Davis] vamos nos juntar novamente, assim como foi na Olimpíada. Não foram as últimas vezes que nos enfrentamos, e a gente sabe que agora tem que estar junto para poder defender bem o Brasil num ponto tão importante.
Ele chegou a ficar bravo com você, ainda que de brincadeira, por causa dos resultados?
Até que não, porque a gente já jogou várias vezes contra o outro, treina junto toda hora. Uma brincadeira ou outra às vezes acontece, mas entre nós até que não tem tanta.
Vocês têm retrospecto positivo na Davis, mas perderam dois dos últimos três jogos. O rendimento caiu?
Não acredito que caímos de rendimento na Copa Davis porque a gente vem mantendo os mesmos resultados no circuito. Contra a Bélgica [em setembro do ano passado], eles realmente jogaram muito bem, mereceram a vitória. Tivemos algumas chances de ganhar, então foi questão de jogo mesmo. Continuamos com a mesma confiança e sabemos que vamos ter que jogar nosso melhor por causa das condições adversas, especialmente a altitude [a cidade de Ambato fica 2.500 m acima do nível do mar]. Aqui a bola anda muito mais, tem menos ar, mas estamos acostumados a nos adaptar a diferentes quadras e condições.