Fora de Roland Garros, Federer abdica de ranking e abre ainda mais o caminho para Nadal

DANIEL E. DE CASTRO

Ao anunciar nesta segunda (15) que não disputará a edição 2017 de Roland Garros, Roger Federer confirma que ser número um do mundo novamente não está entre as suas prioridades. Em comunicado divulgado no site do atleta, o suíço diz que continuará sua preparação para os torneios em grama e quadra dura no segundo semestre.

Desde que ele anunciou que não disputaria os três Masters jogados no saibro —Monte Carlo, Madri e Roma—, sua participação no Slam francês era colocada em dúvida. O desgaste de possíveis jogos de cinco sets em um piso lento pode ser cruel com joelhos de 35 anos.

Após vencer o Aberto da Austrália e os Masters de Indian Wells e Miami, é compreensível que o tenista tenha optado por um período maior de descanso, ainda que em quadra não aparentasse estar com algum problema físico grave.

Porém, ao abdicar de um dos quatro maiores torneios do ano, Federer praticamente abre mão de tentar voltar à liderança do ranking, que deve ser alvo de intensa disputa no segundo semestre.

Atuais número 1 e 2, Andy Murray e Novak Djokovic fazem uma temporada irregular. O terceiro colocado, Stan Wawrinka, também não se destaca pela consistência. Com isso, as chances de Federer —embora ele sempre negasse que isso fosse uma prioridade— e Rafael Nadal cobiçarem o topo pareciam cada vez maiores.

Sem pontuar durante três meses, enquanto o espanhol tem chances reais de sair dos torneios de saibro com 5.500 pontos, será praticamente impossível para Federer superá-lo tão cedo. Precisaria jogar e ganhar todas as competições mais importantes no segundo semestre. Isso sem falar que, mais cedo ou mais tarde, Djokovic e Murray devem se recuperar.

A discussão sobre o ranking de Federer não se limita a essa questão. Estar fora do grupo dos quatro melhores significa poder cruzar o caminho de um deles já nas quartas de final de Wimbledon, por exemplo —o que deve ser um problema maior para os adversários, registre-se.

FATOR NADAL

Se Nadal já podia ser considerado favorito absoluto para Roland Garros, agora o espanhol parece ainda mais perto do décimo título em Paris. Em condições normais, hoje ninguém parece poder derrotá-lo no saibro francês. A incógnita, que infelizmente não será respondida, era justamente o suíço.

A provocação do momento é especular se Federer teria desistido justamente em razão da sequência de três títulos e 15 vitórias seguidas de Nadal. A hipótese é divertida e alimenta discussões, mas respostas sinceras para ela devem ficar restritas às mesas de bar.