Bia Haddad relata bastidores de Roland Garros, seu primeiro Grand Slam
A paulista Bia Haddad Maia, 21, fez em Roland Garros sua primeira partida como profissional na chave principal de um Grand Slam. Ela perdeu na estreia para a russa Elena Vesnina, cabeça de chave 14, por 2 sets a 1 (6/2, 3/6, 6/4).
A pedido do blog, Bia escreveu um depoimento sobre a sua experiência em Paris. Ela conta como se sentiu em quadra, fala sobre o aniversário de 21 anos e do presente que recebeu do tenista Thiago Monteiro, seu namorado. A atleta destaca também as expectativas para Wimbledon, torneio que começa no dia 3 de julho e onde ela tem vaga garantida na chave principal.
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Foi meu terceiro quali [torneio classificatório que dá vaga na chave principal] em Roland Garros. No primeiro ano, eu fiquei a dois pontos de furar e não furei. Mas, como sempre falam, nada é por acaso. Acho que eu não estava pronta, não era o momento. Este ano eu consegui melhorar a cada jogo, jogando cada vez mais sólida, impondo meu padrão por mais tempo. É isso que eu venho procurando fazer. E jogar sempre agressiva. Isso fez a diferença.
Entrar na chave foi muito legal, muito boa a experiência. Eu não tive muita sorte no sorteio, poderia ter tido uma estreia mais tranquila, mas aqui não tem jeito. Se você ganha uma rodada, vai pegar o próximo jogo duro também. Então, se eu quiser estar bem e ganhar das boas, eu tenho que enfrentá-las e foi assim que eu fiz. Saio de cabeça erguida. Joguei bem, tive chance também.
Meu dia antes da estreia na chave foi normal, como qualquer outro. Eu bati bola, treinei só um turno. A gente procura economizar mais a energia um dia antes da competição, e mantive tudo como eu vinha fazendo. Fiz minha rotina de jogo normal. Depois do jogo, apesar de ter perdido, eu soltei, alonguei, fiz tudo o que eu tinha para fazer.
Na terça (30) foi o meu aniversário, 21 anos. Fui assistir ao jogo do Thiago [Monteiro, tenista brasileiro e namorado de Bia], fiquei nervosa para caramba. Ganhou em cinco sets, primeira vitória dele em Grand Slam. Ele me dedicou, fiquei muito feliz!
Este ano optamos por alugar um apartamento. Nos primeiros dias, ficamos eu, o German [Gaich, técnico] e o Paulo [Santos, fisioterapeuta]. Depois chegaram o Duda [Matos, técnico de Monteiro], o Thiago e o Alex [Matoso, preparador físico da Tennis Route].
Eu gosto muito desse clima de família, de cozinhar. A gente se vira, sempre se ajuda, cada um faz sua parte. Até que sai coisa boa. Minha especialidade é risoto de camarão!
Estamos sempre juntos, ouvindo uma música, dando risada. Esta semana o Paulão tocou na cozinha. Acho importante esse clima de família, ter esse conforto de casa. Acredito também que o que tem feito muita diferença neste momento é a minha relação com o German e com o Paulo fora da quadra. A gente está se dando muito bem. No aquecimento, a gente até faz umas brincadeiras para dar uma descontraída, para dar um relaxada para jogar.
Trago boas lembranças do juvenil aqui. Muda bastante, é sempre um aprendizado. Lembro que, no meu aniversário de 15 anos, eu passei o quali. A primeira vez que entrei aqui parecia que eu estava na Disney.
Eu estava muito feliz. Assisti ao jogo do [Richard] Gasquet com o Thomaz [Bellucci] na Suzanne Lenglen [o francês venceu, pela terceira rodada]. Foi um jogo que me marcou, sabia que aqui era um lugar muito especial, que o Guga tinha ganhado, então sempre tive um sonho de jogar aqui.
No juvenil tudo é novo. Você ter a oportunidade de vir aqui antes de estrear no profissional é muito importante. Acho que essa transição que eu tive foi muito show, até agradeço a meus patrocinadores, à CBT [Confederação Brasileira de Tênis] por me proporcionar fazer a gira europeia, que é muito importante nessa época para quem tem seus 15, 16 anos.
Bom, para Wimbledon eu levo o sorriso com que estou na quadra, acho que é o principal. Ficar sempre positiva, acreditando, porque os jogos todos são duros, independentemente de a menina ser top 15 ou não. Tem que enfrentar todas, sabendo que só depende de mim. Conseguir jogar o quali e passar à primeira rodada de Roland Garros foi muito legal e só me fortalece para cada vez mais acreditar que eu posso jogar com qualquer uma. Vamos que vamos!