Ostapenko mostra força, fura fila e lembra Guga ao conquistar Roland Garros

DANIEL E. DE CASTRO

Jelena Ostapenko. Quem não acompanha tênis com frequência e para além das rodadas decisivas dificilmente havia ouvido falar desse nome até este sábado (10).

A tenista da Letônia conquistou em Roland Garros o título de Grand Slam mais surpreendente desde o primeiro de Gustavo Kuerten, em 1997.

No mesmo dia em que Guga levantava a Taça dos Mosqueteiros, Ostapenko nascia na cidade de Riga. As coincidências, como relatado neste post, não param por aí.

Assim como o brasileiro, ela alcançou seu primeiro troféu como profissional aos 20 anos, logo em um Grand Slam. Também em repetição do feito de Guga, sem ser cabeça de chave. Foi a primeira nessa condição a ser campeã em Paris desde 1933, muito antes da era profissional.

Ostapenko, que saltará da 47ª para a 12ª posição no ranking da segunda-feira (12), sempre foi considerada uma das atletas mais promissoras da nova geração. O que não se esperava era que uma conquista desse tamanho viesse tão rápido, e no saibro.

A estratégia kamikaze da letã, que proporciona quantidades absurdas de bolas vencedoras e erros não forçados na mesma partida, em tese funciona melhor nas quadras rápidas. Na final contra a romena Simona Halep, foram 54 em cada um desses quesitos (a adversária registrou oito winners e dez erros).

Ao vencer Roland Garros, Ostapenko fura fila considerável de rivais mais experientes e com carreiras consolidadas, mas que nunca conquistaram um Grand Slam. As ex-líderes do ranking Caroline Wozniacki, Jelena Jankovic e Dinara Safina (já aposentada) são exemplos conhecidos.

A própria Halep, que terá que lidar com uma enorme frustração após perder sua segunda final em Paris, e a tcheca Karolina Pliskova, ambas em disputa para chegar ao número 1, são outras que jamais triunfaram em um dos quatro principais torneios.

E por que Ostapenko chegou lá tão cedo? Além dos golpes vistosos e potentes, deve-se ressaltar a incrível força da jovem. Na decisão, ela saiu de uma desvantagem de 1 set a 0 e 0-3 em games na segunda parcial para virar o confronto. Nas sete partidas da campanha, foram quatro reviravoltas.

Não que ela não oscile. Aliás, seus momentos de desespero são bem visíveis pelos gritos e caretas. Mas, durante toda a trajetória, a campeã soube sair do buraco quando precisou. O que já seria enorme para qualquer tenista coroa ainda mais o histórico título da zebra letã.

Ostapenko beija o troféu de Roland Garros (François Xavier/AFP)