Número 1 do mundo, Karolina Pliskova nega pressão por não ter vencido Grand Slam
Ao alcançar o posto de número um do mundo no último mês, Karolina Pliskova, 25, não recebeu apenas elogios. Por nunca ter vencido um Grand Slam, a atleta da República Tcheca fez um velho tema voltar à discussão no circuito feminino de tênis.
Desde a criação do ranking, em 1975, seis mulheres chegaram ao topo sem conquistar um dos quatro principais torneios. Duas delas, a belga Kim Clijsters e a francesa Amélie Mauresmo, o fizeram depois. Já a russa Dinara Safina se aposentou com essa lacuna no currículo.
Além de Pliskova, a sérvia Jelena Jankovic, 32, e a dinamarquesa Caroline Wozniacki, 27, ainda estão em ação. Apesar de almejar um troféu desse porte, a melhor tenista da atualidade nega, em entrevista à Folha, que se sinta pressionada pelo estigma.
“[Os comentários] não me incomodam. Tenho melhorado a cada ano. Nos últimos 12 meses, trabalhei muito, ganhei vários títulos importantes e fui muito bem em Grand Slams. Gostaria de adicionar um Slam aos meus feitos, mas não estou dando ênfase a isso”, diz a tenista, finalista do último Aberto dos EUA.
Questionada sobre o que esperava que ocorresse primeiro, a liderança ou um título de Slam, a tcheca traça um cenário que não conseguiu pôr em prática: “A melhor situação seria alcançar os dois ao mesmo tempo.”
A ascensão ao número um veio após Wimbledon. Mesmo com uma anticlimática queda na segunda rodada, ela desbancou das duas primeiras posições a alemã Angelique Kerber, que não defendeu a final do ano anterior, e Simona Halep, que ficou a uma vitória do topo, mas parou nas quartas de final.
Halep, que também nunca venceu um Slam, é a principal perseguidora de Pliskova. Até o Aberto dos EUA, que começa em 28 de agosto, a posição deve ser disputada palmo a palmo. Nesta semana, ambas estão nas quartas do torneio de Toronto.
EM FAMÍLIA
Dona de um saque potente e estilo agressivo, a jogadora de 1,86 m tornou-se a primeira representante da República Tcheca a liderar o ranking feminino. A bicampeã de Wimbledon Petra Kvitova, 27, já ocupou a segunda posição.
A antiga Tchecoslováquia também foi o local de nascimento de Ivan Lendl e Martina Navratilova, que competiu sob a bandeira americana na maior parte da carreira.
“O tênis sempre foi muito popular na República Tcheca. Tivemos várias lendas que inspiraram as gerações mais novas e e me inspiraram. Estou muito feliz por poder fazer parte da história e espero que a minha realização inspire ainda mais meninas a jogar”, diz Pliskova.
Das oito atletas do país que estão no top 100, uma conhece a líder como ninguém. Irmã dois minutos mais velha de Karolina, Kristyna Pliskova, 25, vive a melhor fase da carreira e está na 37ª posição do ranking.
Apesar de elas serem idênticas, basta ver as gêmeas em quadra ou ler suas fichas técnicas para notar algumas diferenças: a destra Karolina tem nove títulos na carreira, contra um da irmã, é 2 cm mais alta e mora em Monaco. Canhota, Kristyna vive em Praga.
Nos confrontos diretos, aí sim tudo igual: quatro vitórias para cada uma. A última partida entre as irmãs ocorreu em 2013, para alívio da família.
“Acho que nós duas estamos preocupadas com isso. Felizmente, faz tempo que não jogamos uma contra a outra, mas talvez por isso será mais difícil se acabarmos jogando. Teremos que dar nosso melhor e ver [o que acontece]. Deverá ser pior para nossos pais, eles provavelmente não estarão assistindo”, brinca a número um.