Atrapalhada, convocação para Copa Davis gera tensão no tênis brasileiro

DANIEL E. DE CASTRO

A convocação brasileira para a Copa Davis criou um ambiente de crise no tênis nacional. A equipe enfrentará o Japão de 15 a 17 de setembro, pela repescagem do grupo mundial.

Na segunda (28), o capitão do time, João Zwetsch, convocou a mesma equipe do último duelo, contra o Equador, em abril: Thomaz Bellucci, 29, Thiago Monteiro, 23, e os duplistas Bruno Soares, 35, e Marcelo Melo, 33.

A diferença é que, nesse meio tempo, o número um do país passou a ser Rogério Dutra Silva, 33. Hoje, a ordem dos simplistas brasileiros no ranking é Rogerinho (68º colocado), Bellucci (76º) e Monteiro (113º).

Zwetsch disse que optou por não contar com o melhor jogador do país na atualidade por conta do piso em que o confronto será disputado, uma quadra dura e rápida, e para que Monteiro, o mais jovem dos três simplistas, acumule experiência.

Nesta sexta, Bellucci anunciou que não poderá disputar a competição por causa de uma ruptura parcial no tendão de aquiles. Desta vez, então, o capitão convocou Rogerinho, que recusou.

“Por ser o número um do país e viver um de meus melhores momentos acreditava que seria consultado para ir ao confronto, mas eu tive que ir atrás do capitão para saber”, afirmou o tenista em nota divulgada por sua assessoria.

“Depois dessa negativa, preparei todo o meu calendário até o fim da temporada com altos custos tanto na parte financeira e também na parte física, pois jogar uma Copa Davis exige muito do corpo. Infelizmente, atender a esse pedido de última hora comprometeria todo o meu calendário e meu desempenho”, completou o atleta, que não possui um grande patrocinador.

Também por meio de nota, divulgada pela Confederação Brasileira de Tênis, Zwetsch disse que a recusa “é plenamente compreensível, pois sabemos o quanto é difícil para um tenista mudar o calendário de última hora”. Para o lugar de Bellucci, então, foi chamado Guilherme Clezar (233º).

A Folha apurou que Rogerinho ficou irritado com a não convocação. Para ele, porém, não ter sido comunicado antes pelo capitão foi ainda pior.

MAIS DIFÍCIL

O Brasil havia visto suas chances no confronto crescerem nos últimos meses, com as lesões do top 10 Kei Nishikori e do promissor Yoshihito Nishioka. Em simples, o país asiático será representado por Yuichi Sugita (44º), que vive boa fase, e por Taro Daniel (121º), que fez bom jogo e venceu um set contra Rafael Nadal no Aberto dos EUA.

Agora, com exceção das duplas, a vantagem passa a ser japonesa. Aos brasileiros, resta juntar os cacos e buscar o retorno ao grupo de elite da Davis em meio a mais um capítulo confuso do tênis nacional.