Federer age como predador paciente para abocanhar o número um

Treze meses separaram o retorno triunfal de Roger Federer às quadras, no Aberto da Austrália de 2017, e sua volta à liderança do ranking. A vitória nas quartas de final do ATP 500 de Roterdã, nesta sexta (16), garante que na lista da próxima segunda (19) ele estará à frente de Rafael Nadal.

Os rivais dominaram a última temporada, marcada também pelas lesões que ainda atrapalham os planos de Novak Djokovic e Andy Murray, e venceram dois Slams cada um. Apesar de no total ter conquistado um título a mais do que o espanhol (7 contra 6), o suíço disputou menos partidas (57 ante 78) e acabou o ano 1.040 pontos atrás dele no ranking.

Em entrevistas, Federer sempre minimizou o duelo pelo número um. Dizia que esse não era o seu principal objetivo, e atitudes dele no ano passado confirmaram o discurso: abriu mão de jogar torneios no saibro e raramente emendou competições, por exemplo.

Aos 36 anos, com um histórico de problemas nas costas e após passar por cirurgia no joelho em 2016, o atleta sabe até onde pode ir em segurança. Como um predador astuto e paciente, Federer não avançou em falso. Até que a chance ideal apareceu.

Depois de ter vencido em Melbourne novamente e ainda longe do Masters 1.000 de Indian Wells —o próximo grande torneio do calendário, que começa em 8 de março—, ele optou por mudar sua programação inicial e pediu um convite para o torneio na Holanda.

Dessa vez retornar ao topo era o objetivo declarado, e para isso bastaria ganhar três partidas em uma chave sem desafios aparentes. Como previsto, os triunfos vieram com tranquilidade, e o suíço fez história outra vez.

Na próxima segunda, ele superará Andre Agassi como o número um mais velho entre os homens. O americano tinha 33 anos da última vez que chegou ao topo, em 2003. Também baterá marca de Nadal, que no ano passado havia se tornado o jogador a viver o maior intervalo entre a primeira vez que liderou o ranking e a mais recente.

Federer debutou na posição em fevereiro de 2004. Desde então foram três períodos de reinado e 302 semanas no total (a última em novembro de 2012), recorde que agora ele ampliará —entre os jogadores em atividade, Novak Djokovic é quem mais se aproxima, com 223 semanas.

Para coroar sua versão mais descontraída dentro de quadra e nem por isso menos vencedora, o suíço voltou a ser o melhor tenista do mundo. Não que Federer precisasse provar nada. Mas que bom que ele não se cansa de nos assombrar.