Após polêmica com árbitro, jogo entre Kyrgios e Federer promete ser quente
Adversários de Roger Federer costumam ter a torcida contra si. O australiano Nick Kyrgios costuma ter a torcida contra si. Kyrgios será o adversário de Federer no sábado (1º), pela terceira rodada do Aberto dos EUA.
Não será nenhuma surpresa se o talentoso tenista de 23 anos encontrar um ambiente bastante hostil nas arquibancadas, provavelmente no grandioso estádio Arthur Ashe, com capacidade para quase 24 mil espectadores.
Se não bastasse o apelo do suíço entre os fãs e a fama negativa que o australiano carrega (antipático, arrogante, provocador, imaturo —todos esses adjetivos já foram usados em algum momento, e com justiça, para se referir a ele), Kyrgios fez parte da maior polêmica do Aberto dos EUA até agora.
Nesta quinta (30), quando perdia para o francês Pierre Hugues-Herbert por 1 set a 0 e estava atrás na segunda parcial, ele já tinha entrado no seu modo desinteressado. Não se esforçava e rebatia com desleixo, atitude que já lhe rendeu multa na carreira por antidesportividade. A torcida, é claro, vaiava.
Então, num intervalo, o experiente árbitro sueco Mohamed Lahyani, um dos principais do circuito, desceu da cadeira e conversou com Kyrgios. Segundo reportagem do The New York Times, o juiz principal do confronto disse “estou tentando ajudar você”, “eu sei que esse não é você” e “eu vi seus jogos, você é bom para o esporte”.
Depois do papo e do atendimento do fisioterapeuta, o australiano se recompôs, venceu 19 dos 25 games seguintes e conseguiu a virada contra o francês por 3 sets a 1.
O comportamento de Lahyani chamou a atenção, já que árbitros não estão autorizados a aconselhar jogadores em quadra. No tênis masculino, nem os técnicos podem fazer isso.
“É ridículo. Ele não estava me orientando. Eu não tenho um treinador. Eu não tenho um treinador há anos. Claro que ele não estava me orientando”, afirmou Kyrgios após a partida.
O adversário, Herbert, não viu da mesma forma. “Acho que esse não era o trabalho dele. Não acho que ele seja um técnico. Ele é um árbitro e deveria ficar na cadeira dele para isso”, disse.
Federer, o rival deste sábado, também foi questionado sobre o assunto: “Na minha opinião, acho que ele não pode dizer o que disse a Kyrgios. Ele não pode falar assim com um tenista. Foi uma conversa, e conversas podem mudar a mentalidade do jogador”.
Segundo comunicado do Aberto dos EUA, Lahyani desceu da sua cadeira para falar com o australiano porque o estádio estava barulhento. Ele queria saber se o atleta precisava de atendimento médico e o informou que tomaria uma atitude se o aparente desinteresse na partida persistisse. A explicação não convenceu Herbert, que se disse decepcionado.
Apesar de nesse caso as críticas terem recaído sobre o comportamento de Lahyani (também teve quem o defendeu, como John McEnroe), Kyrgios novamente está em evidência por conta de uma polêmica.
Pela esperada qualidade do jogo contra Federer (em três partidas, eles disputaram nove sets e oito tiebreaks), ou pelas reações em quadra na arquibancada, a partida deste sábado promete ser quente.