Papelão de Serena ofusca título da incrível Osaka no Aberto dos EUA
A noite que poderia ser da consagração de Serena Williams como recordista de títulos de Grand Slam acabou com um papelão da maior tenista da história, que infelizmente ofuscou a primeira conquista desse nível da japonesa Naomi Osaka, incrível talento de 20 anos.
A americana perdeu a linha com o árbitro principal da decisão do Aberto dos EUA, o português Carlos Ramos, e recebeu três punições no segundo set da partida, após perder a primeira parcial por 6-2.
A primeira porque seu técnico, Patrick Mouratoglou, orientou da arquibancada que ela entrasse mais em quadra para devolver os saques da japonesa. A comunicação entre treinador e tenista é proibida, e por isso ela foi advertida corretamente.
Por mais que Serena não tenha visto ou mesmo que não quisesse receber nenhuma ajuda, a imagem da transmissão de TV deixou claro que houve a manifestação de Mouratoglou. Mais tarde, ele mesmo admitiu o “coaching” à ESPN americana.
A polêmica poderia ter parado por aí se Serena tivesse mantido a cabeça no lugar, mas na sequência, após perder um game e destruir a raquete, ela foi novamente penalizada, desta vez com a perda de um ponto, em nova aplicação correta da regra.
Serena saiu do controle e voltou a reclamar da primeira advertência, disse que nunca trapaceou, que Ramos deveria lhe pedir desculpas, que ele nunca mais apitaria um jogo dela e até que é mãe —nada disso estava em discussão naquele momento. Depois, em entrevista, afirmou que a punição teve motivação sexista.
No intervalo seguinte, ela voltou a se dirigir de forma arrogante para o árbitro e o chamou de ladrão. Nova punição, aplicada corretamente pela terceira vez, agora com a perda de um game.
Serena ainda sacou em 3-5 e prolongou a partida, mas a japonesa manteve o foco, confirmou o saque na sequência e chegou ao título.
Uma pena que o jogo e o torneio fora de série de Osaka —primeira do seu país a conquistar um Slam— tenham sido ofuscados pela atitude da americana, considerada um ídolo pela japonesa.
A cerimônia de premiação começou sob vaias do público, que embarcou nas reclamações da tenista da casa e aumentou o estrago.
Ainda constrangida, a vencedora do Aberto dos EUA só conseguiu discursar após Serena finalmente pedir para o público trocar os apupos por aplausos para a campeã. Mesmo assim, ela não reconheceu que foi a principal responsável por estragar a festa da sua fã.
Serena é a maior tenista de todos os tempos, dona de 23 títulos de Grand Slam (há ótimas chances de o recorde vir em 2019), além de um ícone para os movimentos feminista e negro. Nada disso, porém, justifica seu comportamento em quadra neste sábado (8).
A Osaka, cabe ficar com as boas memórias de sua façanha. Em sua primeira final de Slam, ela entrou em quadra calma (73% de acerto no primeiro serviço) e não se afobou na maioria dos pontos importantes (salvou 5 de 6 breakpoints e converteu 4 de 5). Segurou nas trocas de bola e foi para cima nos momentos certos.
Aos 20 anos, tudo indica que a japonesa terá outras glórias na carreira. Tomara que elas venham sem novas polêmicas.