Choro de Federer é o clímax do seu 20º Grand Slam

No dia em que Roger Federer chegou ao seu 20º troféu de Grand Slam, o principal momento da conquista se deu fora da quadra. Em um dos discursos mais emocionantes e emocionados que fez ao longo da carreira, o tenista de 36 anos desabou em lágrimas. A família chorou junto, a lenda Rod Laver filmou no celular, não poderia ter sido melhor.

A reação do campeão surpreendeu pelo nível de emoção. Foi mais intensa do que no ano passado, quando também na Austrália derrotou o rival Rafael Nadal após passar seis meses fora das quadras e quase cinco anos sem um título de Slam. Também chamou mais a atenção do que em Wimbledon, onde o oitavo troféu era sua meta declarada.

Será que essa foi a última conquista dele em Melbourne? Muitas pessoas notaram que o suíço não disse, como de hábito, “até o ano que vem”. Mais tarde, durante entrevista, afirmou que sim, espera voltar ao torneio em 2019. Talvez tornar-se o único homem a chegar a duas dezenas de Slams fosse um objetivo especial para a equipe, por isso a comoção.

Mais proveitoso do que especular sobre os motivos para o choro, porém, é deleitar-se com a emoção do maior vencedor de todos os tempos. Um atleta que conquistou seu primeiro troféu desse nível em 2003 e ainda hoje é capaz de comemorar como criança após um jogo sofrido. Aqui, todos os méritos para o derrotado Marin Cilic.

Adorado em todo o mundo pelos fãs de tênis, Federer mudou o patamar do esporte primeiro pela sua técnica apurada. Com o passar dos anos, tornou-se mais e mais carismático. A última barreira a ser rompida foi na parte física.

Ao respeitar o próprio corpo e se permitir mais momentos de descanso, ele bate seguidas marcas de longevidade e tem sofrido menos com lesões do que os rivais mais novos Rafael Nadal, de 31 anos, Novak Djokovic e Andy Murray, ambos com 30. Sem forçar, pode em breve retornar à liderança do ranking.

Hoje o suíço encanta pelo que faz em quadra e diverte pela leveza nas entrevistas. O recordista de títulos de Grand Slam é também o marido da Mirka, o pai das gêmeas e dos gêmeos, um trintão que sabe aproveitar a vida e ser o maior tio do pavê que você respeita.

O Federer gênio e o Federer humano nunca coexistiram tanto. Se a linha de chegada está sempre mais próxima, que possamos desfrutar enquanto ela não chega.