Primeiro Serviço https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br Histórias, análises e pitacos sobre tênis Wed, 16 Jan 2019 14:14:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Naomi Osaka volta às quadras como celebridade após título nos EUA https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/09/17/naomi-osaka-volta-as-quadras-como-celebridade-apos-titulo-nos-eua/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/09/17/naomi-osaka-volta-as-quadras-como-celebridade-apos-titulo-nos-eua/#respond Mon, 17 Sep 2018 03:00:01 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/osaka-320x213.jpeg https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=1467 Campeã do Aberto dos EUA na conturbada final contra Serena Williams, a tenista japonesa Naomi Osaka, 20, voltará às quadras nesta semana, no torneio de Tóquio.

Ela começará sua campanha já na segunda rodada, ainda sem dia confirmado, contra a vencedora do jogo entre a compatriota Nao Hibino e a eslovaca Dominika Cibulkova.

A coincidência de jogar em casa pouco mais de uma semana após ter atingido o ápice da sua curta carreira deve reforçar o papel de estrela que ela assumiu nos últimos dias.

Exaltada pelos jornais japoneses como primeira tenista do país a vencer um torneio do Grand Slam, Osaka passou a cumprir uma agenda extensa de compromissos comerciais e entrevistas.

Entre elas, participou do popular programa The Ellen Show, da apresentadora Ellen DeGeneres, quando tietou e foi tietada pelos outros convidados: o astro da NBA LeBron James e o ator americano Channing Tatum.

O título em Nova York lhe rendeu US$ 3,8 milhões, mais da metade do que ela soma em prêmios até agora. Segundo o jornal britânico The Times, a Adidas prepara uma renovação de contrato com a tenista no valor de US$ 8,5 milhões anuais.

Nesta semana, ela assinou com um novo patrocinador, a montadora Nissan, que se junta à alimentícia Nissin e à fabricante de equipamentos esportivos Yonex como apoiadoras japonesas da atleta.

Ainda que com rotina e cifras de celebridade, Osaka continua ganhando fãs por sua timidez e espontaneidade.

Após o título, ela disse que provavelmente comemoraria jogando videogame. Durante o programa de Ellen DeGeneres, afirmou que daria parte da premiação a seus pais, para eles comprarem uma grande TV e assistirem ao talk-show da apresentadora.

Ainda na entrevista, a atleta relatou que o momento das vaias do público na cerimônia de premiação do Aberto dos EUA foi estressante.

Estresse é algo que não combina com a personalidade de Osaka, que permaneceu impassível diante das reclamações de Serena com o árbitro na final. A partir de agora, porém, ela precisará lidar com um novo nível de expectativa sobre seus resultados.

Osaka comemora na vitória sobre Serena Williams (Timothy A. Clary - 8.set.18/AFP)
Osaka comemora na vitória sobre Serena Williams (Timothy A. Clary – 8.set.18/AFP)

A letã Jelena Ostapenko, 21, campeã de Roland Garros no ano passado, é um exemplo da dificuldade de manter a regularidade num circuito tão equilibrado quanto o da WTA.

Apesar de ainda estar no top 10 do ranking, o desempenho dela em grandes torneios ainda é oscilante. Neste ano, Ostapenko foi até a semifinal em Wimbledon, mas caiu na primeira rodada quando defendeu do título em Paris e na terceira rodada no Aberto da Austrália e no Aberto dos EUA.

Há algumas semelhanças entre Osaka e Ostapenko, duas tenistas nascidas em 1997, de estilo de jogo agressivo e que de uma hora para outra viraram estrelas em países com pouca tradição no tênis.

Para escapar das armadilhas da fama e continuar sua trajetória ascendente, Osaka poderá se inspirar no desempenho que teve em Nova York, quando paciência, golpes afiados e confiança estiveram especialmente alinhados.

]]>
0
Tenista ex-número um do mundo destrói raquete na cadeira da juíza após derrota https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/05/16/tenista-ex-numero-um-do-mundo-destroi-raquete-na-cadeira-da-juiza-apos-derrota/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/05/16/tenista-ex-numero-um-do-mundo-destroi-raquete-na-cadeira-da-juiza-apos-derrota/#respond Wed, 16 May 2018 15:51:06 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/pliskova-320x213.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=1125 O ato de quebrar raquetes não é incomum no tênis, mas nesta quarta (16), em Roma, a tcheca Karolina Pliskova teve um ataque de fúria digno de John McEnroe em seus piores dias.

Ex-número um do mundo e atualmente quinta colocada do ranking, ela destruiu sua raquete com três golpes na base que sustenta a cadeira da árbitra após ser derrotada de virada pela grega Maria Sakkari (3/6, 6/3, 7/5) na segunda rodada do torneio.

Antes de golpear a cadeira, Pliskova cumprimentou a rival e fez menção de estender a mão à juíza principal da partida, Marta Mrozinska. Só então mostrou seu descontrole, deixando Sakkari assustada.

A tcheca tinha razão no argumento (não na reação), já que reclamava de uma bola dentro da quadra que foi marcada como fora pela arbitragem em um momento decisivo do terceiro set.

Pliskova ainda não se pronunciou sobre o episódio. Por uma rede social, Kristyna, sua irmã e também tenista, usou a hashtag #blacklistforever e disse esperar que a juíza não participe mais de jogos dela ou de Karolina.

Ainda não foi anunciada qual será a punição da tcheca pelo ato antidesportivo.

]]>
0
Campeã de Wimbledon supera perda dramática de peso e volta a jogar tênis https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/campea-de-wimbledon-supera-perda-dramatica-de-peso-e-volta-a-jogar-tenis/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/campea-de-wimbledon-supera-perda-dramatica-de-peso-e-volta-a-jogar-tenis/#respond Tue, 06 Mar 2018 14:30:05 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/bartoli-serena-320x213.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=1069 Campeã de Wimbledon em 2013, a tenista francesa Marion Bartoli, 33, voltou às quadras na noite desta segunda (5), quase cinco anos depois de alcançar a maior glória da carreira e logo em seguida anunciar sua aposentadoria do circuito profissional.

Ela participou de uma disputa de match tie-break (jogo até dez pontos) contra Serena Williams durante um torneio de exibição no Madison Square Garden, em Nova York. O confronto acabou com vitória da americana por 10 a 5.

Não apenas o tempo de afastamento do esporte, motivado inicialmente por um problema crônico nos ombros, mas principalmente as condições em que essa ausência ocorreu, tornam o retorno de Bartoli um feito impressionante. Ainda não está claro se ela voltará a disputar torneios oficiais, embora já tenha manifestado essa vontade.

Antes da exibição, a francesa de 1,70 m disse ao jornal The New York Times que em um determinado momento de 2016 chegou a pesar cerca de 40 kg. “Eu estava perto de morrer”, afirmou.

De acordo com a ex-número sete do ranking da WTA, dois fatores levaram à perda dramática de peso. Segundo Bartoli, durante 18 meses, a partir de 2015, ela fez uma dieta que sabia não ser saudável por causa da pressão exercida pelo então namorado —a atleta preferiu não revelar o nome dele.

“Eu fiz isso porque ele estava, todos os dias, me dizendo que eu era muito pesada, muito gorda”, declarou.

Além disso, Bartoli afirmou que no mesmo período contraiu uma variação da gripe H1N1 em uma viagem à Índia. A doença veio acompanhada de febre alta por 15 dias consecutivos e contribuiu para o quadro crítico de saúde. Foi quando ela chegou perto dos 40 kg.

Em maio de 2016, ao ser escalada para conduzir entrevistas em quadra durante o torneio de Roland Garros, sua forma física preocupou fãs e integrantes do circuito. Logo em seguida, Bartoli disse que participaria de uma exibição em Wimbledon, mas não recebeu autorização médica para entrar em quadra.

Após o episódio, ela passou quatro meses internada para dar início a sua recuperação. Com a progressiva melhora, no ano passado a francesa passou a cogitar o retorno ao tênis profissional. O anúncio de que faria essa tentativa veio em dezembro.

Como perdeu quantidade significativa de massa muscular nos últimos anos, ela adotou um trabalho de preparação física intensa, que incluiu treinos na altitude dos alpes franceses. Ainda assim, suas expectativas atuais são controladas. “Se eu puder me chamar de tenista profissional depois disso, será uma grande vitória”, disse ao jornal americano.

Marion Bartoli comemora título de Wimbledon em 2013 (Glyn Kirk/AFP)
Marion Bartoli comemora título de Wimbledon em 2013 (Glyn Kirk – 6.jul.2013/AFP)
]]>
0
Wozniacki volta ao topo do tênis com título de Grand Slam e sem contestação https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/27/wozniacki-volta-ao-topo-do-tenis-com-titulo-de-grand-slam-e-sem-contestacao/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/27/wozniacki-volta-ao-topo-do-tenis-com-titulo-de-grand-slam-e-sem-contestacao/#respond Sat, 27 Jan 2018 12:55:50 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/woz-180x132.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=1026 Número um do mundo sem título de Grand Slam. Esse rótulo, tantas vezes colado em Caroline Wozniacki e usado para desmerecer a sua carreira, não poderá mais ser atribuído à tenista dinamarquesa de 27 anos.

Campeã do Aberto da Austrália neste sábado (27), após bater a romena Simona Halep por 2 sets a 1 (7/6, 3/6, 6/4) em duas horas e 50 minutos de partida, Wozniacki voltará ao topo do ranking da WTA na segunda (29).

Desta vez, diferentemente das outras 67 semanas em que esteve na liderança de 2010 a 2012, não faltará ao currículo dela um dos quatro mais importantes troféus do tênis.

Wozniacki foi vice-campeã do Aberto dos EUA em 2009, aos 19 anos, e em 2014. Uma sequência de lesões a derrubou para a 74ª posição em 2016, e a oportunidade de triunfar em Slams parecia ter passado para a atleta.

Seu estilo de jogo defensivo, baseado em rápida movimentação das pernas e muitas trocas de bola, foi considerado ultrapassado em um circuito cada vez mais dominado por jogadoras que agridem a bolinha.

Desde o ano passado, porém, a dinamarquesa mostrou repertório para se reinventar sem perder a essência. É uma das melhores estrategistas do circuito, mas também parte para a definição dos pontos quando julga necessário. Foi essa postura, mais agressiva do que Halep esperava, que lhe deu a vantagem no início da decisão.

A partida, que valia a ponta do ranking, foi uma batalha de nervos, uma prova de resistência para as duas tenistas, que precisaram salvar match points durante a competição e por muito pouco não deram adeus a Melbourne precocemente.

Após o primeiro set de alto nível, a qualidade técnica caiu nas demais parciais, mas a tensão dos games decisivos garantiu emoção até os últimos pontos.

Halep, agora três vezes vice-campeã em Slams (perdeu na final de Roland Garros em 2014 e 2017), também buscava se livrar do asterisco por nunca ter triunfado em Majors.

Se não foi neste sábado, uma conquista desse nível tampouco parece distante da romena de 26 anos, que com o resultado cai para a segunda posição do ranking. Caso lhe falte inspiração, basta assistir ao vídeo da final e encontrá-la bem ali, do outro lado da rede.

]]>
0
Falante e talentosa, ucraniana de 15 anos é sensação do Aberto da Austrália https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/17/falante-e-talentosa-ucraniana-de-15-anos-e-sensacao-do-aberto-da-australia/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/17/falante-e-talentosa-ucraniana-de-15-anos-e-sensacao-do-aberto-da-australia/#respond Wed, 17 Jan 2018 03:55:29 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/kostyuk-180x128.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=989 A ucraniana Marta Kostyuk, 15, é a sensação dos primeiros dias de Aberto da Austrália. Classificada para a terceira rodada em Melbourne, ela é a mais jovem a atingir essa fase no torneio desde Martina Hingis, em 1996.

Campeã da chave juvenil no ano passado, a adolescente é a 521ª colocada do ranking da WTA e ganhou convite para participar do qualificatório para o evento principal neste ano. Foram três vitórias antes de entrar na chave principal, onde já derrotou a chinesa Shuai Peng (27ª) e a australiana Olivia Rogowska (168ª).

Desde o ano passado, já são 11 vitórias consecutivas da ucraniana no Aberto da Austrália. Além dos resultados, Kostyuk tem encantado pela simpatia e espontaneidade, em quadra e nas entrevistas.

Ao site da WTA, ela contou que quando era mais nova não conseguia gostar de tênis porque se irritava muito nos treinos e quebrava raquetes. Estar junto com a mãe, que foi profissional, era a sua principal motivação.

“Eu sou uma pessoa de altos e baixos a todo momento, na minha vida, em quadra. São essas coisas que estou tentando controlar. Estou apenas começando e tenho mais 15 anos na minha carreira”, afirmou Kostyuk, que antes do Grand Slam foi derrotada na estreia de um torneio pequeno.

“Eu mudei completamente minha atitude em quadra neste torneio. Não antes. Apenas neste. Eu era uma jogadora diferente no meu último torneio”, disse.

Ivan Ljubicic, ex-tenista croata e técnico de Roger Federer, gerencia a carreira da garota. Após sua segunda vitória, em uma entrevista muito divertida, ela disse que já falou com o suíço duas vezes e que foram ótimas conversas: “não apenas oi, tudo bem”.

Em outra passagem espirituosa, afirmou que desistiu de ser perfeccionista no tênis, como se considerava anos atrás. “Você comete erros em todos os pontos, em todos os golpes, e tem que lidar com isso, caso contrário vai parar em um hospital psiquiátrico”.

Na terceira rodada, Kostyuk terá pela frente a compatriota Elina Svitolina, de 23 anos e número 4 do mundo. Promete ser um grande duelo, não apenas para ucranianos.

Curiosidade: Kostyuk treinou ginástica acrobática até os 11 anos. Isso explica uma comemoração inusitada após vencer o Masters juvenil do ano passado, na China.

]]>
0
Bia Haddad se especializa em quebrar marcas históricas do tênis brasileiro https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/bia-haddad-se-especializa-em-quebrar-marcas-historicas-do-tenis-brasileiro/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/bia-haddad-se-especializa-em-quebrar-marcas-historicas-do-tenis-brasileiro/#respond Tue, 16 Jan 2018 09:20:56 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/bia2-180x100.png http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=964 Ao vencer a australiana Lizette Cabrera, 20, na madrugada desta terça (16), Bia Haddad Maia, 21, encerrou um jejum de 53 anos do tênis brasileiro.

A última vez que uma tenista do país havia passado da primeira rodada no Aberto da Austrália tinha sido em 1965, quando Maria Esther Bueno foi vice-campeã do torneio.

A vitória por 2 sets a 0 (7/6, 6/4) foi a segunda da paulista em Grand Slams. O debute ocorreu em Wimbledon, no ano passado, quando também quebrou uma marca importante: tornou-se a primeira atleta do país a vencer na grama sagrada desde a paranaense Gisele Miró, em 1989.

Desta vez como daquela, Bia (70ª do ranking) superou uma jogadora da casa e de posição pior que a sua (161ª), o que mostra que jogar como favorita e sob pressão não tem sido um problema grave para a jovem canhota.

“Fico feliz em quebrar esse tabu. É sempre uma honra jogar pelo Brasil. Hoje tinham muitos brasileiros torcendo por mim. Saber que há 53 anos nenhuma brasileira ganhava aqui só deixa a gente mais motivado que é possível. Não só eu, mas todas as garotas devem acreditar que também podem”, afirmou Bia.

Ainda que com oscilações perigosas, como no início da partida, tem prevalecido a confiança de quem sabe que pode ir longe no tênis. Certamente já está na sua mira a próxima partida, contra a tcheca Karolina Pliskova, número 6 do ranking.

Será a quinta tenista do atual top 10 que Bia enfrentará em menos de um ano. Em 2017, ela perdeu partidas para Venus Williams (5ª), Simona Halep (1ª), Garbiñe Muguruza (3ª) e Jelena Ostapenko (7ª). É possível que a bagagem acumulada diante dessas grandes jogadoras ajude a encarar Pliskova, provavelmente em uma das principais quadras do torneio.

Melhor jogadora do país em simples entre homens e mulheres, Bia dá motivos para otimismo com a sua carreira. Há muitas marcas históricas do tênis feminino que podem ser quebradas nos próximos anos. Desde 1989, brasileiras não chegam a uma terceira rodada de Grand Slam. Quem sabe na próxima quinta?

]]>
0
Fora da Austrália, Azarenka é mais uma mãe forçada a escolher entre carreira e família https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/09/fora-da-australia-azarenka-e-mais-uma-mae-forcada-a-escolher-entre-carreira-e-familia/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2018/01/09/fora-da-australia-azarenka-e-mais-uma-mae-forcada-a-escolher-entre-carreira-e-familia/#respond Tue, 09 Jan 2018 14:39:15 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/azarenka1-180x120.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=927 Para falar sobre a ausência da bielorrussa Victoria Azarenka do circuito, muito mais indicada do que eu é a colega de Folha Beatriz Izumino, fã de tênis que dá ao blog a honra do seu texto.

BEATRIZ IZUMINO

DE SÃO PAULO

Enquanto Hollywood se parabenizava por uma cerimônia do Globo de Ouro politizada por ações e discursos contra a desigualdade e a violência de gênero, o mundo do tênis sofria mais uma derrota indireta nessa luta.

Sem jogar desde Wimbledon, a ex-número 1 do mundo Victoria Azarenka, 28, decidiu abrir mão do convite que havia recebido da organização do Aberto da Austrália deste ano, que começa no próximo domingo (14).

Duas vezes campeã do torneio, a bielorrussa não pode sair da Califórnia com o filho, Leo, de 1 ano, enquanto não resolver uma disputa pela custódia do menino com o ex-namorado e pai do garoto, Billy McKeague. Esse é o mesmo motivo pelo qual ela já deixou de jogar o Aberto dos Estados Unidos e os demais campeonatos desde então. Por isso, despencou no ranking para a 210º posição.

A determinação judicial de não poder sair do Estado, onde ela mora com a criança, também vale para o pai. Segundo especialista ouvido pelo “New York Times”, trata-se de uma medida temporária e comum em casos como esse.

O que têm a ver as mulheres de preto da premiação de domingo (7) com a situação de Azarenka? Bom, o fato de uma mulher estar sendo forçada a escolher entre seu filho e seu trabalho, por exemplo.

É claro que a vida de uma tenista profissional é radicalmente diferente da média das mulheres, uma vez que envolve viagens constantes por todo o planeta, o ano inteiro. E é certo também que não se advoga por separar filho de pai ou mãe, quando não há situação de risco. Mas há sinais aqui de que essa é uma disputa de poder, e não apenas pelo bem-estar do garoto.

A própria Azarenka parece ver a questão com esses olhos. Ao revelar oficialmente a situação pouco antes do Aberto dos Estados Unidos, em agosto, a tenista declarou em sua página do Facebook que “ninguém deveria ter que decidir entre um filho e a carreira, somos fortes o bastante para fazer os dois”. “Continuo otimista que nos próximos dias o pai do Leo e eu conseguiremos deixar de lado nossas diferenças e tomar atitudes na direção certa para trabalhar melhor como um time e chegar a um acordo para que nós três viajemos e para que eu possa competir, mas, mais importante é garantir que o Leo tenha a presença constante de ambos os pais.”

Como contraste, em 2011, cerca de um ano depois do nascimento de sua filha, o tenista suíço Stan Wawrinka, então ainda à sombra do compatriota Roger Federer, decidiu sair de casa e se dedicar à carreira. À época, ele teria argumentado que teria apenas mais alguns anos para se tornar um jogador top 10 e que precisaria se concentrar no tênis para alcançar esse objetivo —meta cumprida em maio de 2013.

Há muitos pais no circuito masculino, mas poucos viajam com os filhos o tempo todo. Já entre as mulheres, Kim Clijsters ganhou três Grand Slams com a filha mais velha a assistindo no box, e a austríaca Sybille Bammer jogou por dez anos depois do nascimento da filha, viajando sempre acompanhada da garota —Bammer é uma das poucas tenistas a ter um histórico positivo ante Serena Williams, com duas vitórias e nenhuma derrota.

Enquanto a disputa familiar de Azarenka não se resolve, perdem o torneio, os fãs e o esporte. Ela é mais uma de milhares de mulheres pelo mundo vítimas de um sistema que as impede de atingirem seu potencial completo pessoal e profissional —e ela tem a vantagem de ter a independência financeira e a plataforma para expressar sua frustração e suas ambições.

“Sim, eu [voltarei ao circuito] por mim, porque eu quero alcançar todo o meu potencial, mas não é só por mim mais”, ela disse ao “New York Times” em abril de 2017. “Quero que meu filho se orgulhe de mim. Quero dar a ele um bom exemplo, de que se você tem um objetivo e um sonho, você pode alcançá-los se trabalhar duro.”

Serena Williams e Victoria Azarenka brincam após título da bielorrussa em Indian Wells (Mark J. Terrill - 20.mar.2016/Associated Press)
Serena Williams e Victoria Azarenka brincam após título da bielorrussa em Indian Wells (Mark J. Terrill – 20.mar.2016/Associated Press)
]]>
0
Após melhor temporada, Bia Haddad busca mais espaço para o tênis feminino no Brasil https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/11/04/apos-melhor-temporada-bia-haddad-busca-mais-espaco-para-o-tenis-feminino-no-brasil/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/11/04/apos-melhor-temporada-bia-haddad-busca-mais-espaco-para-o-tenis-feminino-no-brasil/#respond Sat, 04 Nov 2017 02:01:10 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/biahaddad-180x120.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=836 Em férias no Brasil, a paulista Bia Haddad, 21, colhe os frutos da melhor temporada da carreira. Pedidos de foto e palavras de incentivo tornaram-se mais comuns após ela entrar no top 100 (hoje é a 61ª do ranking) e jogar seus três primeiros Grand Slams.

A reviravolta parecia improvável para quem começou o ano na 173ª posição do ranking da WTA e com lesões em três vértebras, depois de sofrer uma queda em casa.

Recuperada, Bia ascendeu gradualmente. Conquistou títulos de torneios menores e obteve vitórias marcantes, como diante da australiana Samantha Stosur (ex-número 4 do mundo) e na primeira rodada de Wimbledon. Em setembro, foi vice-campeã do Torneio de Seul, seu resultado mais relevante até agora.

A canhota também enfrentou tenistas que estão entre as melhores do circuito: Venus Williams, Garbiñe Muguruza, Jelena Ostapenko e a líder do ranking, Simona Halep.

Até pouco tempo atrás, encarar rivais desse nível estava distante da sua realidade.

Tanto que ela diz ter ficado “super ansiosa” quando jogou contra a americana de 37 anos: “Era a Venus, acho que quando eu nasci ela já estava ganhando Grand Slam.”

Além das irmãs Williams, a jovem brasileira cresceu admirando Maria Sharapova, 30, que voltou às quadras no meio do ano após cumprir suspensão por doping.

Em 2009, quando a russa esteve em São Paulo para uma exibição, Bia escapou do colégio para tirar foto com ela. Hoje, as duas disputam posições no ranking.

De tiete, Bia passou a ser tietada pelos fãs em clubes e aviões. “É muito legal ser reconhecida. Desde criança sempre respirei tênis. Minha vida sempre foi abrir mão de muita coisa para o tênis. Você ser reconhecida ou saber que está fazendo a diferença na vida de uma criança, isso não tem preço”, afirma.

A paulista hoje é a melhor tenista em simples do país, entre homens e mulheres, o que aumenta a visibilidade dos seus feitos. Mesmo assim, para ela a cultura do esporte no Brasil ainda está voltada para o circuito masculino.

“Este ano eu apareci bastante pelos meus resultados, mas meus jogos mais importantes não foram televisionados. Talvez isso pudesse fazer a diferença”, diz.

Um dos seus sonhos é mudar essa mentalidade a longo prazo. “Quem sabe as coisas possam melhorar se eu conseguir chegar mais ao topo e criar mais oportunidades para brasileiro ver tênis feminino? A TV abre muito a cabeça”, afirma.

Temporada 2018

A tenista iniciará a preparação para a próxima temporada na segunda (6), no Rio. No fim do ano, embarcará para a Austrália, onde jogará os primeiros torneios da temporada. Para continuar a escalada na carreira, ela aposta na capacidade de se adequar a superfícies diferentes.

“No saibro consigo ser mais sólida, ter mais tempo para montar meu jogo, estou mais acostumada. Na grama, eu saco bem, sou grande, então dá para eu me adaptar”, afirma a atleta de 1,85 m.
Ao lado do técnico argentino German Gaich, ela trabalha para ter mais equilíbrio e cautela quando necessário, mas sem perder sua principal característica. “Meu jogo com certeza é buscar a agressividade. É desse jeito que eu quero chegar ao topo”, diz.

Outra adaptação que Bia se vê obrigada a fazer no dia a dia é comportamental. Ela, que admite “falar demais”, encontra no circuito um ambiente mais sisudo.

“As meninas não são muito de fazer amizade. Acho que algumas fazem isso para se proteger, estão mais concentradas. Mas você está o ano inteiro com elas, então não custa dar um bom dia, um sorriso, independentemente da profissão, do ranking. Isso é ser humano”, afirma.

]]>
0
Veja curiosidades e polêmicas da carreira de Martina Hingis, agora triplamente aposentada https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/10/28/veja-curiosidades-e-polemicas-da-carreira-de-martina-hingis-agora-triplamente-aposentada/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/10/28/veja-curiosidades-e-polemicas-da-carreira-de-martina-hingis-agora-triplamente-aposentada/#respond Sat, 28 Oct 2017 13:58:00 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/hingis-180x120.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=826 Chegou ao fim neste sábado (28), com uma derrota nas semifinais de duplas do WTA Finals, a terceira passagem de Martina Hingis, 37, pelo tênis profissional. Uma carreira que começou em 1994, acabou (ela jura que sim) em 2017 e marcou a história do esporte. Adolescente prodígio, número um dominante, controversa dentro e fora das quadras. Por último, uma versão light que conseguiu feitos enormes nas duplas.

Ela, que anunciou nesta semana que essa seria sua última competição, e Chan Yung-Jan foram superadas por Timea Babos e Andrea Hlavackova por 2 sets a 0 (6/4, 7/6).

Relembre curiosidades e polêmicas da carreira da Swiss Miss, um dos vários apelidos que ela teve ao longo desses anos.

Professora de Federer

Compatriota de Roger Federer e um ano mais velha que ele, Hingis pode se dar ao luxo de dizer que foi sua “professora”. O primeiro troféu profissional do maior vencedor de Grand Slams entre os homens veio ao lado dela, na Copa Hopman (competição mista entre países) de 2001. “Eu disse a ele que fui a única a ensiná-lo como ganhar títulos”, brincou anos mais tarde. Os dois jogariam juntos na Olimpíada do Rio, mas a lesão de Federer o fez desistir do evento.

Hingis e Federer na Austrália para a Copa Hopman (Trevor Collens - 30.dez.2000/Associated Press)
Hingis e Federer na Austrália para a Copa Hopman (Trevor Collens – 30.dez.2000/Associated Press)

Talento precoce

A exemplo de outros grandes nomes do tênis, Hingis despontou no circuito ainda adolescente. Em 1997, com 16 anos e 117 dias, superou Monica Seles e tornou-se a campeã de Grand Slam mais jovem da história. Meses mais tarde, também virou a mais nova número um do mundo. Esses recordes duram até hoje e dificilmente serão batidos. Um sinal de que os tempos são outros é que a letã Jelena Ostapenko foi considerada precoce ao ganhar Roland Garros com 20 anos, em junho deste ano.

Spice Girls

Martina Hingis e a russa Anna Kournikova eram duas das tenistas mais famosas na virada do século. A dupla formada pelas jovens venceu o Aberto da Austrália em 1999 e 2002. Além disso, foi muito badalada fora das quadras, o que fez com que as próprias atletas se definissem como as “Spice Girls” do tênis, em referência ao quinteto pop britânico que também explodiu nos anos 1990.

Anna Kournikova e Martina Hingis com o troféu do Aberto da Austrália em 1999 (Sean Garnsworthy/Associated Press )
Anna Kournikova e Martina Hingis com o troféu do Aberto da Austrália em 1999 (Sean Garnsworthy/Associated Press )

O saque polêmico

Em 1999, na final de Roland Garros —único Slam que não venceu em simples— contra a alemã Steffi Graf, Hingis tinha boa vantagem, mas perdeu o controle após uma marcação da juíza e foi vaiada pelos franceses. Com o jogo quase perdido, arriscou dois saques por baixo (veja a partir do minuto 24 do vídeo), ação que o público considerou um desrespeito. Vale lembrar que esse tipo de serviço não fere as regras e que vez ou outra algum tenista o arrisca. O americano Michael Chang, também em Paris, fez o mesmo dez anos antes da suíça —a torcida adorou.

 

Três aposentadorias

Após vencer cinco Grand Slams em simples, nove em duplas e liderar o ranking por 209 semanas, Hingis não resistiu a uma sequência de lesões no tornozelo e se aposentou pela primeira vez no início de 2003, aos 22 anos. De 2006 a 2007, ela fez mais uma tentativa de jogar em simples. A passagem teve menos brilho e acabou com uma suspensão de dois anos por testar positivo para cocaína. Mais uma vez, ela anunciou a aposentadoria.

Grand Finale

Hingis parece ter feito as pazes com o circuito a partir de 2013, quando iniciou um retorno de sucesso. Venceu mais dez Grand Slams em duplas e duplas mistas, fez uma parceria histórica com a indiana Sania Mirza, levou a medalha de prata na Olimpíada do Rio, ganhou o último Grand Slam que disputou e fechará o ano na primeira posição do ranking. Além disso, fez com que a modalidade de duplas femininas ganhasse mais espaço no circuito e na mídia.

Martina Hingis e Sania Mirza com o troféu do Aberto da Austrália em 2016 (Peter Parks/AFP)
Martina Hingis e Sania Mirza com o troféu do Aberto da Austrália em 2016 (Peter Parks/AFP)
]]>
0
‘A Guerra dos Sexos’ lembra que ter voz no esporte é raro, corajoso e fundamental https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/10/23/a-guerra-dos-sexos-lembra-que-ter-voz-no-esporte-e-raro-corajoso-e-fundamental/ https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/2017/10/23/a-guerra-dos-sexos-lembra-que-ter-voz-no-esporte-e-raro-corajoso-e-fundamental/#respond Mon, 23 Oct 2017 14:36:43 +0000 https://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/bjk-180x122.jpg http://primeiroservico.blogfolha.uol.com.br/?p=813 Poucos atletas levam para fora das suas arenas esportivas a excelência com a qual atuam dentro delas. No tênis, felizmente, não faltam exemplos de ótimos jogadores que tornaram-se relevantes também pelo que pensam, falam e fazem sem a raquete em mãos (irmãs Williams, Arthur Ashe, Andy Murray e por aí vai).

O filme “A Guerra dos Sexos”, que estreou no país na última semana (leia a crítica de Naief Haddad), presta homenagem a uma dessas tenistas, ou melhor, à mais importante de todas: Billie Jean King. A americana, hoje com 73 anos, revolucionou o esporte feminino no início dos anos 1970 ao lutar por premiações iguais para homens e mulheres.

O episódio mais conhecido dessa trajetória é a batalha que dá nome à obra dos diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris. Em 1973, Billie Jean, interpretada por Emma Stone, aceitou disputar uma partida contra o aposentado Bobby Riggs (Steve Carell) e o derrotou por 3 sets a 0.

Na época, a americana era uma das principais tenistas do mundo, ao lado da australiana Margaret Court, e a mais ativa na defesa da igualdade de gênero no esporte. A vencedora de 39 Grand Slams fez muito mais que participar do midiático embate, no qual Riggs supostamente queria provar que os homens eram superiores às mulheres e mereciam uma fatia maior do bolo —na verdade, o principal objetivo dele era ganhar dinheiro com publicidade, mas impressiona como o discurso machista ganhou defensores ferrenhos e admiradores.

Emma Stone e Billie Jean King durante o lançamento do filme em Londres
Emma Stone e Billie Jean King durante o lançamento do filme em Londres (Vianney Le Caer – 7.out.2017/Associated Press)

O filme tem o mérito de ir além e mostrar algumas das ações importantes de Billie Jean, como o corajoso boicote que ela e outras oito tenistas impuseram a um torneio que pagaria oito vezes mais à categoria masculina. Comandadas pela agente Gladys Heldman, elas criaram um circuito paralelo, que mais tarde se tornaria a WTA e passaria a ser a principal entidade do tênis feminino.

A dissidência colocou em risco a carreira dessas jogadoras, principalmente a de Billie Jean, que era o principal rosto do movimento. Sobre o duelo contra Riggs, ela disse mais tarde: “Pensei que voltaríamos 50 anos atrás se eu não ganhasse essa partida. Isso estragaria a turnê feminina e afetaria a autoestima das mulheres”.

Quantos atletas fariam algo semelhante hoje? A julgar por casos recentes, é possível dizer que poucos. Diante da escancarada corrupção no futebol brasileiro e mundial, quantos jogadores usaram o poder que têm junto à torcida e aos seus clubes para promover mudanças?

O Bom Senso, movimento que parecia romper a inércia, ficou pelo caminho. O principal dirigente esportivo do país foi preso, a Olimpíada do Rio ficará marcada pelos escândalos e pelo calote. Mesmo assim, poucos se posicionam com contundência.

A apatia não é exclusividade brasileira. São mesmo raros os casos de estrelas que saem das suas posições cômodas para deixar marcas profundas no esporte. Na maioria dos casos, o máximo que se vê sobre elas fora das quadras (dos campos, das pistas etc.) são fotos para bombar no Instagram.

Embora eu seja da escola do tio Ben e acredite que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, ninguém é obrigado a se posicionar ou dar a cara a tapa. Os poucos que o fazem, porém, merecem ser reverenciados. Billie Jean King foi uma dessas exceções, e conhecer a sua história vale a ida ao cinema.

Leia também: ‘Batalha dos Sexos’ reacende polêmica sobre igualdade de gênero no tênis

]]>
0